“Código Civil se mantém atual”, diz Simonetti em evento sobre 20 anos da lei
Na manhã desta terça-feira (26/4), o presidente nacional da OAB, Beto
Simonetti, participou da abertura do evento “O STJ e os 20 Anos do
Código Civil Brasileiro”, organizado pelo Instituto de Estudos Jurídicos
Aplicados (IEJA) com o apoio do Superior Tribunal de Justiça e do
Conselho da Justiça Federal (CJF).
Simonetti destacou que, ao regular a vida em sociedade, o Código Civil tem se mantido atual diante do dinamismo das relações sociais. “Ao promover a integração com os valores da Constituição Federal, o Código Civil avançou na ampliação dos princípios da boa-fé, da dignidade da pessoa humana e da solidariedade social, basilares no novo ordenamento jurídico”, frisou.
Para o
presidente nacional da Ordem, a manutenção da segurança jurídica em um
mundo cada vez mais hiperconectado tornou-se o grande desafio do direito
na atualidade, inclusive na esfera civil. “Com a pandemia, aceleramos a
digitalização da vida e das relações jurídicas, e já podemos sentir as
implicações diretas no exercício da advocacia. Hoje, os quase 1,3 milhão
de advogados brasileiros precisam lidar com o uso cada vez mais comum e
acelerado da inteligência artificial, em atividades que antes
demandavam grande mão de obra”, disse Simonetti.
O presidente
do STJ e do CJF, ministro Humberto Martins, apontou a importância do
debate sobre a hermenêutica aplicada ao código. “O STJ propicia aos
operadores do direito, em todas as suas áreas, a oportunidade de
fomentar a compreensão dos vários aspectos relacionados ao direito
privado, sobretudo de família, contratual, a responsabilidade civil, a
interlocução entre o direito comercial e o civil, entre outros. No
código, encontra-se o arcabouço máximo das normas e princípios
disciplinadores do direito na esfera privada, dedicados a possibilitar a
busca pela efetiva justiça material”, resumiu.
Na visão do presidente da OAB-DF, Délio Lins e Silva Júnior, um dos trunfos do Código Civil é sua relação próxima com os ditames constitucionais. “A despeito da crítica de que [o Código] já nascera velho, eu discordo e o vejo como propício à evolução de conceitos e entendimentos. Sustento isso com um ponto primordial, que é a promoção de uma notável aproximação da lei civil com nossa Constituição Federal, então bastante nova à época do surgimento”, exemplificou.
Eticidade e boa-fé
O
ministro do STJ e coordenador científico do evento, Luís Felipe
Salomão, destacou que o Código Civil representa, no âmbito da vida
privada, instrumento muito semelhante ao texto constitucional vigente.
“Pelo privilégio de compor a Segunda Sessão do STJ, pude e posso
acompanhar a lapidação do conteúdo do código ao longo desses 20 anos.
Destaco dele dois princípios que reputo como os mais marcantes de sua
elaboração: eticidade e boa-fé administrativa”, citou.
A
presidente do IEJA, Fabiane Oliveira, classificou o Código Civil como um
dos mais importantes instrumentos regradores das relações privadas no
Brasil. “Com normas muito vivas e conceitos abertos que lhe impuseram
uma boa operabilidade ao longo do tempo, ganhou força normativa que lhe
dá o merecido destaque no ordenamento jurídico brasileiro. E, nesta
seara, é inegável a importância do STJ na aplicação do Código Civil nas
últimas décadas”, observou.
Também compuseram a mesa de abertura os ministros do STJ Paulo Dias de Moura Ribeiro e Luís Felipe Salomão, este último coordenador científico do evento.