Enfermagem obstétrica enfrenta alta na mortalidade na pandemia

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Muitos atendimentos de Saúde foram prejudicados e reduzidos durante a pandemia. O acompanhamento da gravidez, parto e puerpério foi um deles. Esse foi o tema de debate que aconteceu hoje durante o 23º CBCENF, conduzido pelo coordenador da Comissão Nacional de Saúde da Mulher do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Herdy Alves.

Herdy destacou a importância da Enfermagem obstétrica para promover e garantir pré-natal e atendimento durante a gestão de forma segura, reduzindo a mortalidade materna no contexto da pandemia.

A enfermeira Tatiane Cavalcanti participou de forma remota e compartilhou suas experiências de atendimento em obstetrícia desde o surgimento dos casos de Covid-19 no Brasil. Ela avalia que, quando há um acontecimento histórico onde a sociedade experimenta dificuldades, as primeiras impactadas são as mulheres, e com a pandemia não foi diferente.

O Brasil é campeão em mortalidade de grávidas e puérperas por Covid-19. As maiores atingidas são as mulheres pretas e pardas, assim como nos casos de hipertensão e abortos.  A apresentação discutiu como chegamos a este cenário, através de diversas falhas assistenciais, como descontinuidade do pré-natal, desorganização na rede de apoio, suspensão de consultas, falha na identificação de situações precocemente, alto número de áreas descobertas pelo Programa Saúde da Família, entre outros. Para reverter esse quadro, ela defende a combinação de medidas não farmacológicas, reforço da campanha de vacinação contra Covid-19, rastreamento de sintomas respiratórios e disponibilização de mais leitos de UTI para casos graves.

Tatiana também compartilhou a experiência que colocou em prática onde atua, em Recife, com a tele-Enfermagem. Através do programa “Fale com a Parteira”, um grupo de enfermeiras obstétricas voluntárias conseguiu atender via WhastApp quase três mil gestantes da região, para acompanhamento e tira-dúvidas comuns durante o período de isolamento social.

Dannyelly Costa, conselheira do Cofen e enfermeira obstetra, também compartilhou vivências do atendimento hospitalar durante a pandemia. A apresentação destacou que as três principais causas de mortalidade materna — síndrome hipertensiva, síndrome hemorrágica e infecções — são evitáveis. Todas cresceram em número durante a pandemia. Além da preocupação com os sinais clínicos das pacientes, havia também a preocupação com a contaminação da Covid-19.

Nos seus atendimentos, Dannyelly chegou a receber gestantes que realizaram apenas uma consulta pré-natal, devido ao fechamento das unidades básicas de saúde na pandemia. “Para contornar essa situação é necessário a criação de novos protocolos operacionais padrões, normas e rotinas para nos adaptarmos ao novo normal”, destacou a enfermeira.

Dados de óbitos – Gestantes e mulheres no pós-parto estão em maior risco de hospitalização e morte por Covid-19. O impacto da pandemia na saúde das mulheres, em especial às gestantes, já havia sido demonstrado por publicação no International Journal of Gynecology and Obstetrics, que descreveu a ocorrência de 124 óbitos maternos por Covid-19 no Brasil até 18 junho de 2020. Na época, o país respondia por 77% das mortes por Covid-19 documentadas entre gestantes.

Fonte: Ascom – Cofen